Alex Kossak |
EXAME DE QUALIFICAÇÃO DE DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
Título: "Novo Ensino Médio ou renovação das condições de manutenção da velha dualidade educacional?"
Mestrando: Alex Kossak
Instituição: UFRRJ - Programa de Pós-Graduação em Educação, Contextos Contemporâneos e Demandas Populares (PPGEduc)
Data: 20/08/2019
Hora: 14 horas
Local: UFRRJ/Instituto Multidisciplinar, Auditório do Módulo da Pós-Graduação, Rua Savero José Bruno, S/Nº - Moquetá - Nova Iguaçu - RJ
Banca Examinadora:
- Prof. Dr. José dos Santos Souza (UFRRJ) - Orientador
- Prof. Dr. Rodrigo Coutinho Andrade (UFRRJ)
- Profª. Drª. Tania Mª. Almenara da Silva (IFRJ)
Resumo:
O Ensino Médio no Brasil é historicamente marcado por uma dualidade estrutural, manifestada em uma educação distinta para as diferentes classes sociais. As recentes reformas na educação básica surgem em um contexto de crise orgânica do capital. Nesta contextura, a classe dominante, a burguesia, busca recompor suas bases de acumulação de capital por meio dos mecanismos sociometabólicos do sistema capitalista. Nesta reestruturação produtiva, a partir da retórica de liberdade individual e autonomia, surge um novo sistema político ideológico, o neoliberalismo. Nos desdobramentos desse sistema, tem-se um grande processo de desindustrialização, desemprego estrutural, precariedade do trabalho, a reforma do Estado redefinindo a sua relação com a sociedade, propagando assim um novo modelo de gestão pública, mediada pela terceira via, que enaltece a ideologia do estado mínimo e protagonismo social. Assim ocorre uma reconfiguração dos mecanismos de mediação do conflito de classes, crucial para a manutenção desse novo sistema, este processo é conhecido como a pedagogia política do capital. Na contemporaneidade, a elaboração e gestão dos sistemas educacionais são estabelecidos pelo grau de desenvolvimento das forças produtivas e das relações de produção. Logo o Ensino Médio, ao longo das últimas décadas, permeado pela pedagogia política do sistema capitalista, sofreu alterações em diversos âmbitos como a elaboração de suas diretrizes curriculares, para conformar a classe trabalhadora em formação aos ditames do mercado financeiro, com o intuito de inserir os indivíduos no mercado de trabalho. Desta forma a Reforma do Ensino médio, operacionaliza suas ações dentro de uma lógica da terceira via, da individualidade e do empreendedorismo, a fim de corroborar com a manutenção da sociedade de classes. Nesta proposta de investigação, pretende-se analisar e explicitar, tendo como objeto de análise as mudanças curriculares promovidas pela parceria público-privada entre o Instituto Ayrton Senna e a Secretaria de Estado de Educação do Rio de Janeiro, onde a ideologia privada foi institucionalizada a partir da Deliberação nº 344 do ano de 2014, do Conselho Estadual de Educação, como uma espécie de “laboratório” para a Reforma do Ensino Médio que ocorreu subsequentemente na instância federal. Toma-se como referencial empírico de análise desta investigação, a criação do curso de “Ensino Médio em tempo integral, com ênfase em empreendedorismo aplicado ao mundo do trabalho”, implementada a partir da Resolução SEEduc/RJ nº 5.508/2017. Trata-se de uma pesquisa de natureza básica, de abordagem de caráter qualitativo, de cunho explicativo, inserida na categoria de pesquisa de tipo levantamento, realizado por meio de dados coletados de fontes primaria, secundárias e entrevistas. Parte-se do pressuposto que a Reforma do Ensino Médio está inserida na pedagogia política do capital, e que diferentemente de seus discursos, corroboram para a manutenção da desigualdade social capturando a subjetividade e conformando o nexo psicofísico, ético e moral da classe trabalhadora em formação às necessidades sociometabólicas do capitalismo.