Fabíola L. P. Ramos |
DEFESA DE DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
Título: "O DESEMPENHO DOS INSTITUTOS FEDERAIS DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA NA OFERTA DA EDUCAÇÃO SUPERIOR: uma análise a partir da experiência do Instituto Federal do Rio de Janeiro (IFRJ)"
Mestranda: Fabíola Leonor de Paula Ramos
Instituição: UFRRJ - Programa de Pós-Graduação em Educação, Contextos Contemporâneos e Demandas Populares (PPGEduc)
Data: 18/12/2019
Hora: 14 horas
Local: UFRRJ/Instituto Multidisciplinar, Auditório do Módulo da Pós-Graduação, Rua Savero José Bruno, S/Nº - Moquetá - Nova Iguaçu - RJ
Banca Examinadora:
- Prof. Dr. José dos Santos Souza (UFRRJ) - Orientador
- Profª. Drª. Marise Nogueira Ramos (EPSJV/FIOCRUZ)
- Prof. Dr. Bruno de Oliveira Figueiredo (FAETEC/RJ)
Resumo:
Os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia (IFs) foram instituídos pela Lei nº 11.892/2008, ato que determinou consistente reestruturação organizacional e acadêmica da Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica do País. Por esta Lei, os IFs foram estruturados a partir de antigas escolas técnicas e agrotécnicas federais, escolas técnicas vinculadas às universidades federais e Centros Federais de Educação Tecnológica (CEFETs), com propósito de ofertar educação profissional e tecnológica em todos os níveis e modalidades de ensino. Até a criação dos IFs, a Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica tinha como foco o ensino técnico de nível médio, embora alguns CEFETs já ofertassem cursos superiores. Com Lei nº 11.892/2008, embora a prioridade na oferta de ensino técnico de nível médio tenha se mantido, ao estabelecer-se o mínimo de 50% das vagas para este nível de ensino, a oferta de ensino superior ficou mais bem definida, ao ser estabelecido que pelo menos 20% das vagas ofertadas devem ser destinadas à oferta de cursos de licenciatura e, supõe-se, podendo os 30% restantes das vagas destinadas à oferta de Cursos Superiores de Tecnologia, Bacharelados e pós-graduação (stricto e lato sensu). Este panorama provocou mudança substantiva no papel da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica na divisão do trabalho educacional de nível superior do país. Tomando este contexto como referência socio-histórica, elegemos como objeto de análise as ações e contradições do processo de implantação e desenvolvimento de cursos superiores em instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica a partir de 2008. Partimos da hipótese de que a criação dos IFs, para além da ampliação do acesso ao Ensino Superior, visa a formação de quadros técnicos qualificados para atender às exigências de novos padrões tecnológicos do mundo do trabalho e da produção, mas também a conformação ético e moral de uma parcela da classe trabalhadora aos padrões atuais de intensificação da precariedade do trabalho. Para tal análise, tomamos como referência empírica a realidade do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro (IFRJ), com o objetivo de explicar os elementos determinantes do processo de implantação e desenvolvimento do Ensino Superior nesta instituição. Trata-se de uma análise qualitativa, de caráter explicativo, que se insere na categoria de pesquisa documental cuja referência teórica e metodológica ampara-se no materialismo histórico e dialético. A análise nos conduziu à percepção de clara relação entre a concepção educativa presente nos cursos de graduação do IFRJ e as demandas educativas do campo empresarial. Foram perceptíveis nos Projetos Pedagógicos dos Cursos (PPCs) os pressupostos teóricos da Teoria do Capital Humano, bem como a apologia ao individualismo, à sustentabilidade, ao empreendedorismo e à empregabilidade. De modo geral, os cursos de graduação do IFRJ foram criados mediante ao princípio da verticalização do ensino para a redução, otimização e aproveitamento dos recursos materiais e humanos disponíveis, bem de acordo com às recomendações dos organismos internacionais para ampliação da oferta do Ensino Superior. A análise empreendida neste estudo, nos permitiu concluir que a criação dos IFs materializa a dupla função de formação de quadros técnicos especializados para atender à demanda empresaria e, ao mesmo tempo, inculcar em seus egressos valores éticos e morais que os levem a encarar com naturalidade a intensificação da precariedade do trabalho e da vida do trabalhador.