sexta-feira, 5 de novembro de 2010

RESUMO DE ATIVIDADE DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

Título: "O PROEJA como política pública de inclusão social para a juventude: a experiência da Baixada Fluminense"

Autor:  LAMIM, Felipe Guimarães (Bolsista de Iniciação Científica – PIBIC/CNPQ/UFRRJ – Aluno do Curso do Ciencias Sociais)

Orientador: Profº Drº José dos Santos Souza (Professor do Instituto Multidisciplinar – IM/UFRRJ)

Palavras-chave: Políticas Públicas para a juventude; Mercado de Trabalho; Educação Profissional.

Introdução
Entre agosto de 2009 e julho de 2010 foram pesquisados os seguintes temas: 1) políticas públicas específicas para a juventude; 2) a realidade do jovem no contexto atual; 3) A relação entre juventude e mercado de trabalho; 4) A formação educacional e processo de emancipação dos jovens, entre outros. Além disso, foi acompanhado o início do curso PROEJA em Instituição Federal de Ensino. A educação é uma importante ferramenta para o jovem e para as políticas públicas, pois através dela é possível: I) Inserção e ascenção dentro do mercado de trabalho; II) Prevenção da gravidez precoce e de DSTs; III) Formação de famílias mais estruturadas; (OLIVEIRA, 2006); IV) O acúmulo de capital cultural que diminui a assimetria de informação no mercado de trabalho (CAMARGO & REIS, 2005). Os programas sociais destinados a juventude servem a concepção de criar competências enquanto atuam de forma conformativa já que não há no mercado de trabalho uma demanda por trabalhadores com tais qualificações. O resultado são trabalhadores qualificados sem trabalho, gerando uma desvalorização salarial ou trabalhadores qualificados exercendo trabalho inferior a sua formação, não tendo em seu salário nenhum acréscimo por ter uma formação maior.

Material e Métodos
O Plano de Trabalho se desenvolveu na forma de levantamento de informações sobre o Programa Nacional de Inclusão de Jovens (PROEJA) implementado por Instituição federal de educação profissional localizada na Baixada Fluminense. Tal levantamento se deu a partir de dados coletados em fontes bibliográficas primária, material disponibilizado na internet, revisão de literatura, etc. Neste aspecto, o trabalho pode ser considerado como pesquisa básica, de abordagem qualitativa, de caráter descritivo. As tarefas desenvolvidas foram: 1) Visitas à Instituição selecionada; 2) Coleta de dados em fontes primárias (site e material do curso); 3) Leitura e elaboração de resumos e fichamentos de textos sobre políticas públicas para juventude e sobre qualificação profissional; 4) Coleta de dados a partir de observação de campo; 5) Análise de dados coletados; 6) Catalogação de fontes e organização de arquivos da pesquisa;

Resultados e Discussão
O acompanhamento do início do curso PROEJA em Instituição Federal de Ensino evidenciou a importância simbólica que é fazer parte do Sistema Federal de ensino no Brasil. Além da ocupação do tempo ocioso com uma atividade que pretende formar para o Mercado de Trabalho, os estudantes parecem buscar uma recolocação no espaço social a partir de elementos que evidenciam seu pertencimento a uma instituição supervalorizada no meio local e representada como um espaço de privilegiados. Do ponto de vista da Escola parece haver uma sutil resistência ao pertencimento dos alunos atendidos pelo programa social de formação profissional PROEJA, sendo em muitos momentos demarcadas (também de maneira sutil) diferenças entre os alunos do PROEJA (que se inscrevem e passam por sorteio que os classificam) e os outros alunos (que fazem exame seletivo). As diferenças apareceram principalmente na forte enfase dada ao pertencimento mútuo dos alunos do PROEJA na rede municipal de ensino, como se isto limitasse seu pertencimento ali. Exemplos de limitação de pertencimento: I) Fatores como diferença de idade e de conduta foram enfatizados; II) foi sugerido um uniforme diferenciado que carregasse os símbolos municipal e federal; III) foi salientado diversas vezes que eles (os aluno do PROEJA) passariam por dificuldades, mas que não desistissem (Uma preocupação com a evasão escolar, mas também uma estigmatização dos atendidos pelo programa).

Conclusão
A melhoria dos índices educacionais não resultou no fortalecimento do mercado de trabalho, o qual fomentou a disparidade social com os melhores empregos nas mãos dos mais favorecidos. A educação elevada dos mais pobres foi disperdiçada em subempregos. Dentro deste quadro, políticas sociais se fazem necessárias para que a educação tenha um papel transformador e possibilite a mobilidade social (ascenção). Esta sociedade do conhecimento que requesita altos níveis educacionais para admissão no mercado de trabalho é a mesma que possui um excedente de mão-de-obra e seleciona seus candidatos a partir de critérios sociais, raciais e de classe. Até mesmo os favorecidos com uma vaga veem seus muitos anos de estudo resultarem num baixo salário, pouco acima de quem possui menos formação. A esperança da educação como agente de mobilidade social revela a precariedade de um sistema que subsiste num ciclo vicioso e exclue e estagna (POCHMANN, 2004).

Referências Bibliográficas
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