terça-feira, 1 de agosto de 2023

PEDAGOGA DO IFRJ DEFENDE TESE SOBRE REAÇÃO DOCENTE À CONTRARREFORMA DO ENSINO MÉDIO

Nelma Bernarde Vieira


DEFESA DE TESE DE DOUTORADO



Título: "Reação dos docentes do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro à contrarreforma do Ensino Médio”

Doutoranda: Nelma Bernardes Vieira



Instituição: Programa de Pós-graduação em Educação, Contextos Contemporâneos e Demandas Populares, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro

Data: 22/08/2023
Hora: 14:00
Local: UFRRJ – Instituto Multidisciplinar
            Campus de Nova Iguaçu, Auditório do Módulo da Pós-Graduação
            Rua Savero José Bruno, S/nº – Aeroclube – Nova Iguaçu, RJ


Banca Examinadora:

  • Prof. Dr. José dos Santos Souza (Orientador) – UFRRJ
  • Profª. Drª. Jussara Marques de Macedo – UFRJ
  • Prof. Dr. Bruno de Oliveira Figueiredo – UNIR
  • Profª. Drª. Marise Nogueira Ramos – UERJ
  • Profª. Drª. Savana Diniz Gomes Melo – UFMG

RESUMO: imerso em uma crise orgânica desde os anos 1970, o capital demonstra flagrante condicionamento na manutenção das suas bases de acumulação, o que o leva a promover ampla ofensiva no campo estrutural e superestrutural do modo de produção e reprodução social da vida material em busca da renovação das condições objetivas e subjetivas de acumulação da riqueza, o que configura amplo processo de recomposição burguesa. Essa recomposição abrange todas as esferas da vida social, inclusive as políticas públicas de formação humana, o que envolve as proposições de um “Novo Ensino Médio”. A mais recente transformação neste campo decorre da promulgação da Lei nº 13.415/2017 e instituição da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), marcos regulatórios da estratégia do capital para formar trabalhadores de novo tipo, a fim de atender demandas empresariais, assim como conformar ética e moralmente a sociedade civil. Neste processo, percebe-se a articulação de proposições para garantir uma formação básica enxuta e flexível, métodos de ensino e aprendizagem pragmáticos e imediatistas e formação docente afinada com a complexidade e a volatilidade da vida na pós-modernidade. A partir dessa realidade, elegeu-se como objeto de análise a reação dos docentes do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro (IFRJ) à contrarreforma do Ensino Médio. O objetivo é explicar a natureza das reações de docentes do IFRJ frente à ofensiva burguesa no campo educacional que implicou a contrarreforma do Ensino Médio e a BNCC/2018. Trata-se de uma pesquisa básica, de caráter explicativo, referenciada no materialismo histórico-dialético, que se insere na categoria de pesquisa documental, embora se utilize de entrevistas semiestruturadas. A análise permitiu constatar que os organismos supranacionais, o Estado brasileiro e o empresariado definiram reformas gerenciais na Educação Básica, assim como buscaram promover reconfigurações no currículo, no método de ensino e aprendizagem e na formação docente, o que instituiu as bases de sustentação política e pedagógica da contrarreforma do Ensino Médio. Entretanto, percebem-se resistências a esta contrarreforma por parte de aparelhos privados de hegemonia em defesa da educação pública e gratuita formados por estudantes e docentes, especialmente contra as mudanças que passaram a ser designadas pela insígnia “Novo Ensino Médio”. Verificou-se também que os docentes do IFRJ se encontram desarticulados e desagregados politicamente, de modo que a resistência à contrarreforma do Ensino Médio nesta instituição é tímida. Embora os dados evidenciem reações pontuais à contrarreforma, predomina o consentimento ativo a ela. Conclui-se que a ausência de resistência por parte dos docentes do IFRJ contribui para a construção do consenso em torno da contrarreforma do Ensino Médio na sociedade civil, assim como fragiliza estes profissionais na construção de alternativas que minimizem perdas acarretadas no acesso da classe trabalhadora ao conhecimento científico e tecnológico acumulado.

segunda-feira, 31 de julho de 2023

ESTUDANTE DE PEDAGOGIA DEFENDE MONOGRAFIA SOBRE CURSOS SUPERIORES DE TECNOLOGIA

 

Izabela Rodrigues da Costa

DEFESA DE MONOGRAFIA DE GRADUAÇÃO


Título: "Objetivos e finalidades dos cursos superiores de tecnologia”




Graduanda: Izabela Rodrigues da Costa



Instituição: Curso de Licenciatura em Pedagogia, Instituto Multidisciplinar, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro


Data: 03/08/2023
Hora: 14:00
Local: UFRRJ – Instituto Multidisciplinar
Campus de Nova Iguaçu, Sala 203, Módulo da Biblioteca
Rua Savero José Bruno, S/nº – Aeroclube – Nova Iguaçu, RJ


Banca Examinadora:
  • Prof. Dr. José dos Santos Souza (Orientador) – UFRRJ
  • Profª. Drª. Paula de Macedo Santos – SEE/RJ
  • Prof. Ms. Thays de Oliveira Marcelino – CTUR/UFRRJ


RESUMO: em um contexto marcado pela crise orgânica do capital deflagrada pelo esgotamento do modelo de desenvolvimento taylorista-fordista e emergência do modelo desenvolvimento enxuto e flexível, percebe-se ampla recomposição burguesa em busca de regularidade de suas bases de acumulação de capital. Esta recomposição se materializa em todas as dimensões da vida social, seja no campo estrutural, seja no campo superestrutural, configurando verdadeira ofensiva do capital para manter a hegemonia burguesa. Esta ofensiva se manifesta inclusive no campo educacional por meio de ampla reforma gerencial dos sistemas públicos de ensino, desde a Educação Básica à Educação Superior, passando pela educação profissional e tecnológica, condicionando as conquistas históricas dos trabalhadores no acesso ao conhecimento. Neste contexto, consolidam-se os Cursos Superiores de Tecnologia (CSTs) como mais um grau acadêmico a se somar ao bacharelado e à licenciatura. Este mais recente grau acadêmico materializa a perspectiva pragmática, imediatista e interessada de formação humana na Educação Superior, com vistas na formação de trabalhadores de novo tipo, mais afinados com as demandas do mercado. Além disto, os CSTs instituem-se como uma das mais refinadas estratégias de mediação do conflito de classe, uma vez que aperfeiçoa a dinâmica de conformação ética e moral da classe trabalhadora por meio das ideologias do empreendedorismo, da empregabilidade e da sustentabilidade. Nesta monografia, serão analisados o discurso oficial e a legislação regulatória dos CSTs no Brasil, tomando como referência a perpetuação do dualismo estrutural estendido ao Ensino Superior do país. O objetivo é explicar o desenvolvimento histórico-normativo que embasaram a efetivação do amplo sistema de educação superior tecnológica no Brasil a partir de meados dos anos 1990. Trata-se de uma pesquisa básica, de caráter descritivo, cuja referência teórica e metodológica é o materialismo histórico-dialético e, de acordo com a estratégia de coleta de dados, insere-se na categoria de uma pesquisa documental. A análise dos dados nos evidenciou que a legislação regulatória dos CSTs e o discurso governamental direcionado a esses, exprimem que estes cursos, configuram um tipo de educação superior, enxuta e flexível as demandas produtivas que perpetua a dualidade educacional brasileira e a divisão social do trabalho. Com base nestes resultados, conclui-se que a legislação regulatória dos CSTs e o discurso governamental estão alinhados com o ideário neoliberal, as estratégias da recomposição frente a crise orgânica do capital e as orientações dos organismos internacionais. Servindo assim como um aprimoramento para os mecanismos de mediação dos conflitos de classe, gerando a conformação do proletariado e formando trabalhadores de novo tipo, afinados com as demandas do mundo do trabalho.

sexta-feira, 14 de julho de 2023

PPGEDUC ABRE SELEÇÃO SIMPLIFICADA DE ALUNOS(AS) ESPECIAIS


    O Programa de Pós-Graduação em Educação, Contextos Contemporâneos e Demandas Populares (PPGEduc) da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) abre seleção simplificada de alunos(as) especiais para 51 vagas em disciplinas optativas ofertadas no segundo semestre letivo: de 04/09/2023 a 23/12/2023. Esta oportunidade é uma prática recorrente do PPGEduc que eventualmente abre vagas em suas disciplinas optativas para público externo à UFRRJ, portadores de diploma de graduação, independente de estarem matriculados em programas de pós-graduação ou não, à título de alunos especiais.


10 vagas são destinadas ao tópico especial sobre contribuição teórica de Gramsci para o pensamento educacional

Dr. José dos Santos Souza

    O Prof. Dr. José dos Santos Souza, membro da Linha 2: desigualdades sociais e políticas educacionais, oferecerá 10 vagas para a disciplina "Tópico Especial: pensamento político e educacional de Antonio Gramsci", com carga horária de 45 h/aula. As aulas ocorrerão em 15 encontros, às segundas-feiras à tarde, das 14:00 às 17:00, no Instituto Multidisciplinar, localizado no Campus Nova Iguaçu da UFRRJ. Nesta disciplina, seis tópicos importantes para a compreensão da contribuição gramsciana para a educação serão abordados, são eles: 1) fundamentos teóricos do materialismo histórico-dialético na obra de Antônio Gramsci; 2) contribuição de Gramsci para a Teoria do Estado; 3) contribuição de Gramsci para a teoria educacional; 4) o papel da Educação na produção e reprodução social da vida material em Gramsci; 5) educação e disputa de hegemonia na contemporaneidade – legado gramsciano para a política educacional brasileira;  e 6) politecnia, escola unitária e formação omnilateral da classe trabalhadora. O objetivo da disciplina é instrumentalizar os(as) estudantes para aplicar conceitos gramscianos na análise de políticas públicas em educação sob uma perspectiva materialista histórico-dialética. Para isto, as atividades visam levar os(as) estudantes a compreender as condições sócio-históricas em que o pensamento gramsciano se estruturou; compreender o conceito de Estado ampliado e suas implicações teóricas e metodológicas para a análise de políticas públicas; compreender o conceito de intelectual orgânico, partido político e estratégia revolucionária em Gramsci; compreender o conceito de Hegemonia e sua contribuição para análises políticas acerca da relação entre Estado e sociedade, bem como acerca do processo revolucionário; e avaliar a contribuição teórica e metodológica do pensamento gramsciano para o pensamento educacional brasileiro. Além desta disciplina, há outras sete disciplinas em que são ofertadas vagas para alunos(as) especiais. Não perca esta oportunidade!

    Quem tiver interesse deve atentar para o período de inscrição que se estende de 14 a 23/07/2023 e não serão aceitas inscrições fora deste prazo. Clique aqui para ler o Edital. Para se inscrever, o(a) candidato(a) deve acessar a plataforma SIGAA. Clique aqui para acessar a plataforma.


quarta-feira, 28 de junho de 2023

ESTUDANTES DA FACULDADE DE EDUCAÇÃO DA UFRJ DENUNCIAM PROFESSORA POR RACISMO CONTRA COLEGA DE TRABALHO EM SALA DE AULA

Drª Jussara Macedo registra ocorrência de crime de racismo sofrido em seu local de trabalho: a UFRJ.

Em carta-denúncia das(os) estudantes do 1º Período do Curso de Pedagogia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Turma 23.1/Matutino, endereçada à Direção da Faculdade de Educação, foi relatado um ato protagonizado pela Profª Monica Pereira dos Santos, ocorrido no dia 21/06/2023, durante a aula de “Psicologia do Desenvolvimento e Educação”. Nesta carta-denúncia publicada em 22/06/2023, as(os) estudantes denunciam que a mencionou que pretendia candidatar-se à Direção da Faculdade de Educação da UFRJ, mas não contava com apoio político justamente por conta de suas características de personalidade. Por outro lado, argumentou que a Profª. Jussara Marques de Macedo vinha sendo cogitada para candidatar-se somente por ser negra, sem perder a oportunidade de defini-la como alguém que não possuía capacidade para ocupar o cargo, estabelecendo clara relação entre a competência administrativa de sua colega e a cor de sua pele. Na sala de aula, a professora de psicologia do desenvolvimento ainda identificou nominalmente para a turma sua suposta concorrente, expondo-a publicamente, sem qualquer direito à defesa, definindo-a como alguém que não se manifestava em reuniões políticas e não se engajava nas atividades, logo, não possuía competência. Esta caracterização cruel e covarde foi prontamente rebatida pelas(os) estudantes que já haviam cursado disciplina com a professora acusada e que atestavam sua competência.

Além deste lastimável episódio de flagrante racismo, as(os) estudantes narram também que, após as declarações inconvenientes feitas na aula de 21/06/2023, a Profª Monica Pereira dos Santos ainda interpelou alunas negras da turma sobre a possibilidade de uma pessoa ocupar um cargo de direção sem possuir sua competência questionada ou avaliada, na expectativa de ter a aprovação destas.

De acordo com as denúncias feitas pelas(os) estudantes, há indícios de que a Profª. Monica Pereira dos Santos agiu de forma completamente incompatível com os princípios éticos e morais que sustentam a regras de sociabilidade, tais como: de igualdade étnico e racial e de igualdade de direitos civis. A competência de ninguém pode ser questionada somente por esta pessoa ser negra. A negritude nunca foi nem nunca será critério de avaliação de competência profissional. As pessoas que insistem nesta atitude estão cometendo ato de racismo e isto é considerado crime no Brasil, passível de punição amparada no Código Penal, à luz da Constituição Federal. Além de crime, os danos morais e os impactos psicológicos, sociais e políticos decorrentes deste ato são passíveis de reparação sob o amparo do Código Civil.

Movidos por essa consciência de justiça social, na carta-denúncia, as(os) estudantes mencionam sua reação veemente à postura racista da professora de psicologia do desenvolvimento e aproveitaram para mencionar outros episódios diversos em que a professora se comportou de forma ética e moralmente inadequada no que se refere a questões étnicas e raciais e a outras questões sensíveis como ao que se refere à violência doméstica contra a mulher e à inclusão de pessoas deficientes no sistema educacional, dentre outras. Mencionam também vários problemas no desenvolvimento da disciplina ministrada pela professora, seja no que tange ao método de ensino e aprendizagem, seja na estratégia de avaliação, seja na condução do programa (falta de pontualidade e assiduidade). As acusações são graves e demandam da Direção da Faculdade de Educação da UFRJ um posicionamento à luz do Estatuto do Magistério Superior e do Estatuto do Servidor Público Federal.

Estes episódios são mais frequentes no meio acadêmico do que se imagina. Não é raro as pessoas negras que optam pela carreira acadêmica e científica terem sua competência profissional questionada pelo simples fato de não serem brancos. Além das pessoas de origem afro-brasileira, os indígenas, os nordestinos, os LGBTQIAPN+, os deficientes têm frequentemente sua competência profissional questionada, embora sempre de forma velada, por meio de narrativas sutis, que escondem por traz de cinismos o vergonhoso preconceito estrutural que demonstra o atraso político da sociedade brasileira marcada pelo patriarcado, pelo racismo, pelo capacitismo, pela misoginia, pelo machismo e  pelo moralismo cristão que rechaça tudo o que foge ao universo cisgênero e heterossexual. Neste contexto desigual e excludente, os Docentes/Pesquisadores negros, além de atenderem a todos os requisitos gerencialistas que, sob a lógica da accountability, quantificam suas produções científicas a fim de os avaliarem permanentemente para justificar o alto grau de seletividade para aplicação de investimentos em C&T, mesmo quando obtêm excelentes resultados, tem na cor de suas peles e/ou em seus traços étnicos um critério de avaliação oculto que determina seu posicionamento na escala de competitividade acadêmica, independente de seu mérito científico. Isto significa que os pretos precisam ser consideravelmente bem mais “competentes” para terem o mínimo de reconhecimento acadêmico, o que não ocorre com pessoas brancas.

No Currículo Lattes da Profª. Jussara Marques de Macedo consta que ela concluiu sua graduação em pedagogia, o Mestrado e o Doutorado em Educação na UFF, foi bolsista da Fundação Ford, concluiu estágio de pós-doutorado em Administração e Política Educacional no Instituto de Psicologia e Educação da Universidade de Lisboa. É líder do Grupo de Pesquisa Sobre Trabalho e Políticas Educacionais (GTPE/UFRJ), além de atuar como pesquisadora do Grupo de Pesquisas Sobre Trabalho, Política e Sociedade (GTPS/UFRRJ). No campo da gestão educacional, a professora acumula a seguinte experiência: Chefe Eventual do Departamento de Administração Educacional da Faculdade de Educação da UFRJ; representante Docente no Conselho de Ensino de Graduação (CEG) do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH) da UFRJ; membro da Câmara Discente do Conselho de Ensino de Graduação (CEG); membro da Câmara Docente do Conselho de Ensino de Graduação (CEG); membro de órgãos colegiados de cursos de graduação e de pós-graduação; membro de comissões diversas, além de participar de diversos movimentos em defesa da igualdade étnica e racial dentro de sua instituição. No campo do ensino, a professora acumula experiência no ensino de graduação e na pós-graduação lato sensu e stricto sensu, compondo atualmente o quadro docente de cursos de licenciatura e do Programa de Pós-Graduação em Políticas Públicas em Direitos Humanos da UFRJ. É membro do Conselho Editorial de revistas científicas, de redes de pesquisa nacionais e internacionais e desenvolve projetos de pesquisa com articulação nacional e internacional. Entretanto, nenhuma destas experiências foi considerada na avaliação de sua competência profissional pela colega que, frustrada por não ter obtido o apoio político pleiteado para concorrer à Direção da Faculdade de Educação, encontrou na negritude de sua suposta rival, a causalidade de suas frustrações. Não satisfeita, motivada pela certeza cega da impunidade, sentiu-se segura para destilar seu preconceito disfarçado em avaliações infundadas cujo único critério é a cor da pele, segundo o qual pessoas negras sempre serão acusadas de incompetência, de inadequação, de incompatibilidade. É uma velha prática que se reproduz ao longo de séculos em nosso país.

A vítima do ato racista protagonizado pela Profª Mônica Pereira dos Santos só tomou conhecimento da carta-denúncia na noite da última sexta-feira, dia 23/06/2023. Abalada emocionalmente, a vítima registrou a ocorrência na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (DECRADI), na última segunda-feira, dia 26/06/2023. A Drª Jussara Macedo chegou à Delegacia acompanhada de seu advogado e de diversos apoiadores indignados com o fato. Dentre eles estavam estudantes e docentes da UFRJ e de outras instituições de ensino. A professora disse estar profundamente ofendida ao tomar conhecimento, por intermédio de carta-denúncia de estudantes, do ato protagonizado pela Profª Mônica Pereira dos Santos. A vítima afirmou estar chocada com as denúncias de falas racistas de sua colega proferidas em sala de aula e não consegue entender os fundamentos que sustentam a acusação de que seja uma profissional incompetente, ainda mais ao perceber que tal julgamento se dá relacionado ao fato de ela ser negra. Ela afirma ter consciência de que sua competência é referendada pelas avaliações institucionais e ratificada por sua produção científica, por sua prática docente e pelo sem comprometimento com a luta pela universidade pública, gratuita e de qualidade referenciada socialmente. Reconhece inclusive que conta com o reconhecimento de seus pares na comunidade acadêmica e científica interna e externa à UFRJ. Por isso não admite que a cor de sua pele seja determinante de qualquer avaliação acerca de sua competência profissional e espera que a justiça seja feita.

A Faculdade de Educação da UFRJ precisa dar satisfações à sociedade sobre seus encaminhamentos diante da carta-denúncia dos estudantes. A vítima e seus apoiadores alimentam a expectativa de que não haja prevaricação e que a Direção da Faculdade de Educação da UFRJ faça cumprir a boa conduta administrativa e instale processo administrativo imediatamente para apuração dos fatos e devida punição a este tipo de ato tão vil e tão incompatível com os princípios éticos e morais pautados na diversidade, no respeito à dignidade humana e nos princípios da gestão democrática que regem a administração pública em um Estado democrático de direito. Todos esperam que se cumpra o Estatuto do Magistério Superior, o Estatuto do Servidor Público Federal e a Constituição Federal! 

Na Delegacia, todos os apoiadores comentavam sobre a necessidade de justiça, de que se faça cumprir o Código Penal e o Código Civil, fazendo a Profª. Monica Pereira dos Santos responder por seus atos. O caminho para isto é, além do registro da ocorrência, fazer com que a UFRJ instaure processo administrativo imediatamente, com a formação de uma comissão de sindicância para apuração dos fatos, de modo a não só para coibir o ato racista, mas todos os demais indícios de conduta docente inadequada mencionados na carta-denúncia das(os) estudantes. Garantido o amplo direito de defesa, todo ato racista precisa ser coibido e devidamente punido no rigor da lei, devendo ser reparado tanto na esfera administrativa, quanto na criminal e cível. É compromisso social da Direção da Faculdade de Educação não só se manifestar contra o racismo, mas, como uma instituição pública federal, assumir sua função social antirracista. Combater o racismo é sua obrigação institucional.

quinta-feira, 25 de maio de 2023

DOUTORANDA DEFENDERÁ TESE SOBRE O EMPREENDEDORISMO COMO CONTEÚDO CURRICULAR DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA

Paula Macedo


DEFESA DE TESE DE DOUTORADO


Título: "O empreendedorismo como conteúdo curricular da Educação Profissional e Tecnológica”


Doutoranda: Paula de Macedo Santos  



Instituição: Programa de Pós-graduação em Educação, Contextos Contemporâneos e Demandas Populares, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro


Data: 27/06/2023
Hora: 14:00
Local: UFRRJ - Instituto Multidisciplinar, Campus de Nova Iguaçu, Auditório do Módulo da Pós-Graduação
           Rua Savero José Bruno, S/nº – Aeroclube – Nova Iguaçu, RJ


Banca Examinadora:
  • Prof. Dr. José dos Santos Souza
  • Profª. Drª. Aparecida Neri de Souza
  • Profª. Drª. Marise Nogueira Ramos
  • Profª. Drª. Jussara Marques de Macedo
  • Prof. Dr. Bruno de Oliveira Figueiredo


Resumo: Atualmente, diversas mídias têm dado destaque a histórias de empreendedores de sucesso que reinventaram suas vidas diante do desemprego, agindo de forma criativa e aproveitando as oportunidades. Além disso, observamos o estímulo à atividade empreendedora por meio da inserção do conteúdo curricular “empreendedorismo” em diversos níveis e modalidades da Educação Básica, Superior e Profissional. A reforma da Educação Profissional e Tecnológica (EPT) iniciada nos anos 1990 diversificou e expandiu a oferta de oportunidades de formação profissional. Essa reforma provocou mudanças nos currículos e na estrutura da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica brasileira, que oferece cursos voltados para atender demandas do mundo do trabalho afinados com o discurso da empregabilidade, do empreendedorismo e da empregabilidade. Tais mudanças coadunam com orientações de organismos internacionais que ressaltam a importância do estímulo à atividade empreendedora na educação. Diante dessa realidade, elegemos como objeto de análise a inserção do conteúdo curricular “empreendedorismo” na EPT e adotamos como referência empírica o trabalho educativo de unidades escolares da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica localizadas no Estado do Rio de Janeiro. Nossa análise tem como objetivo explicitar as implicações políticas e ideológicas da inserção desse conteúdo curricular na EPT. Para isso, propomo-nos a desenvolver uma pesquisa básica, de abordagem referenciada no materialismo histórico-dialético, utilizando-nos de fontes primárias e secundárias e entrevistas semiestruturadas para coleta de dados. Partimos da hipótese de que o incentivo à formação de competências socioemocionais nos educandos para promover iniciativas empreendedoras constitui-se em estratégia de mediação do conflito de classes, na medida em que busca conformar determinado segmento populacional à atual realidade marcada pelo desemprego estrutural, pela exclusão social e pela precariedade do trabalho e da vida em sociedade, além de transferir para este segmento a responsabilidade por sua condição socioeconômica. Como não é possível garantir a todos os egressos da EPT a conquista de uma ocupação no mercado de trabalho formal, a formação de competências socioemocionais para o empreendedorismo é apresentada como possível alternativa de geração de renda. Com base na pedagogia das competências, esta iniciativa visa regular as demandas individuais do mercado de trabalho, ao mesmo tempo em que promove a perspectiva de formação pragmática, imediatista e interessada de formação de um trabalhador de novo tipo, mais flexível, conformado diante do enxugamento das empresas e preparado para encarar com naturalidade as incertezas e a volatilidade das relações de trabalho e de produção na atualidade. Espera-se assim formar no trabalhador as competências para ser flexível o suficiente para acionar as habilidades empreendedoras individuais, torna-se empreendedor da própria força de trabalho em momentos de escassez de oportunidades. Identificamos a necessidade de refletir sobre a atuação do Estado como promotor da ideologia do empreendedorismo, além de compreender o contexto sócio-histórico em que ocorreu a reforma da Educação Profissional e a inserção do conteúdo curricular “empreendedorismo” na EPT. Toda essa relação se dá sob a aparência de uma educação que busca a emancipação dos trabalhadores, mas sua essência é promover o consenso em torno do projeto social do capital por intermédio da formação para o trabalho.

Palavras-chave: Empreendedorismo; Educação Profissional; Educação Técnica; Educação Tecnológica.

quarta-feira, 1 de março de 2023

PESQUISA SOBRE AMPLIAÇÃO E DIVERSIFICAÇÃO DA OFERTA DE CURSOS TECNOLÓGICOS NA BAIXADA FLUMINENSE É SUBMETIDA À EXAME DE QUALIFICAÇÃO

 

Bruna Lima

EXAME DE QUALIFICAÇÃO DE MESTRADO


Título: "Ampliação e diversificação da oferta de cursos superiores de tecnologia na Baixada Fluminense (RJ)”


Mestranda: Bruna de Fátima Santos de Lima


Instituição: Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro

                      Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação

                      Programa de Pós-Graduação em Educação, Contextos Contemporâneos e Demandas Populares (PPGEduc)

                      Linha de Pesquisa: "Desigualdades Sociais e Políticas Educacionais"



Data: 07/03/2023

Hora: 14:00

Local: Instituto Multidisciplinar, UFRRJ

           Campus Nova Iguaçu, Sala 203, Módulo Biblioteca



Banca Examinadora:

  • Prof. Dr. José dos Santos Souza (Orientador) – UFRRJ
  • Prof. Dr. Rodrigo Coutinho Andrade – UFRRJ
  • Prof. Dr. Bruno de Oliveira Figueiredo – UNIR


Resumo: No ano de 2019, segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), existiam 8.400 cursos superiores de tecnologia (CSTs) no Brasil, dos quais apenas 14% encontravam-se na esfera pública (federal, estadual ou municipal) estando o restante na esfera privada. Os CSTs são um tipo de graduação de curta duração, com carga mínima de 1.600 a 2.400 horas. Com o objetivo de formar com foco no mercado do trabalho, sua oferta tem demonstrado crescimento substantivo nos últimos anos. O objetivo desta pesquisa é analisar as tendências do desenvolvimento dos CSTs na Baixada Fluminense, Região do Estado do Rio de Janeiro vizinha à capital do estado. As cidades que compõem esta região surgiram e cresceram de forma irregular, sem planejamento urbano, o que consolidou a Baixada Fluminense como área com problemas habitacionais, sociais, de saneamento básico, de segurança pública e educacionais. Em suma, é uma região composta por municípios governados por políticos que não conseguem garantir serviços públicos básicos e de qualidade para a população. A compreensão de como se deu a ampliação e diversificação dos CSTs nesta região é de extrema importância, pois nos permitirá saber se esta política de educação profissional e tecnológica visa a formação de uma nova força de trabalho ou se visa a conformação ética e moral dos trabalhadores frente ao desemprego e à precariedade do trabalho e da vida em sociedade. Trata-se de uma pesquisa básica, de análise qualitativa, de caráter explicativo, que se insere na categoria de pesquisa documental cuja referência teórica e metodológica é o materialismo histórico-dialético. Com esta pesquisa, espera-se reunir um conjunto de informações e análises que nos evidencie a natureza do processo de ampliação e diversificação da oferta de CSTs na Baixada Fluminense. A hipótese central é de que estes cursos enxutos, flexíveis e precários não formam pessoas para se apropriarem do conhecimento técnico e profissional de modo integrado ao conhecimento científico, tecnológico e cultural do mundo do trabalho e da vida em sociedade, mas uma formação pragmática, imediatista e interessadamente vinculada às demandas do mercado de trabalho. Nesta perspectiva, a formação é de um trabalhador de novo tipo, conformado a aceitar com naturalidade as volatilidades do mercado e suas incertezas, assumindo para si a culpa por sua condição de vida precária.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2023

MARCELO RAMOS DEFENDERÁ DISSERTAÇÃO SOBRE ELEIÇÃO DE DIRETORES ESCOLARES

Marcelo Ramos

DEFESA DE DISSERTAÇÃO DE MESTRADO


Título: "Contradições na escolha de diretores escolares: um estudo comparativo entre duas escolas da Rede Municipal de Ensino de Duque de Caxias (RJ)”



Mestrando: Marcelo Ramos dos Santos 


Instituição: Programa de Pós-graduação em Educação, Contextos Contemporâneos e Demandas Populares, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro



Data: 28/02/2023

Hora: 14:00

Local: UFRRJ - Instituto Multidisciplinar, Campus de Nova Iguaçu,  Auditório do Módulo da Pós-Graduação
Rua Savero José Bruno, S/nº
 – Aeroclube – Nova Iguaçu, RJ


Banca Examinadora:

  • Prof. Dr. José dos Santos Souza (Orientador)| – UFRRJ
  • Prof. Dr. Rodrigo Coutinho Andrade – UFRRJ 
  • Profª. Drª. Vera Lúcia Jacob Chaves – UFPA


Resumo: Uma vez resgatado o princípio do Estado democrático de direito pela Constituição Federal de 1988 em superação aos princípios antidemocráticos do Regime Ditatorial Civil-Militar instituído pelo golpe de Estado de 1964, o campo da educação também avançou no processo de democratização, ao instituir o princípio de gestão democrática. Este foi um marco na valorização do poder local e na ampliação do controle social sobre as decisões educacionais na esfera pública. Se por um lado é fato que estes avanços democráticos concederam aos municípios relativa autonomia para formulação e regulamentação de suas políticas educacionais, por outro lado, eles consubstanciaram a ofensiva do Bloco no Poder para reorientar a administração pública segundo os princípios da “Nova Gestão Pública”, uma estratégia fundamental do projeto neoliberal de reorientar a relação entre o Estado e a sociedade. Assim, a ideia de gestão democrática passou a ser ressignificada segundo os padrões gerencialistas. Enquanto para os trabalhadores da educação a gestão democrática estava relacionada à autonomia da comunidade escolar para definir os rumos do seu projeto politicopedagógico e de suas estratégias de gestão escolar, para o Bloco no Poder orientado pelo ideário de “Nova Gestão Pública”, a gestão democrática estava relacionada à despolitização da política no ambiente escolar por meio da instituição de estratégias da accountability e de uma cultura organizacional gerencialista, pautada pela lógica mercantil. Diante desta realidade, elegemos como objeto de análise o processo de escolha de diretores escolares na Rede Municipal de Ensino de Duque de Caxias/RJ (RMEDC). Nosso objetivo é analisar as contradições do processo de implantação da consulta à comunidade escolar para escolha de diretores das escolas desta rede de ensino no período de 2015 a 2019. Trata-se de uma pesquisa básica, de análise qualitativa, de caráter explicativo, que se insere na categoria de um levantamento, embora se utilize de análise de fontes primárias e secundárias e de observação participante, cuja referência teórica e metodológica é o materialismo histórico-dialético. A partir da análise dos dados, percebemos que a implantação da consulta pública à comunidade para escolha de diretores das escolas da RMEDC, no período de 2015 a 2019, não se efetivou como materialidade da gestão democrática, visto que este processo não superou a tutela estatal. Verificamos também que o discurso da gestão democrática foi estrategicamente incorporado às estratégias de implantação da “Nova Gestão Pública”, o que ressignificou os conceitos descentralização, autonomia e participação, de modo a reorientar as ações dos diretores escolares. Concluímos que a reação da comunidade escolar às mudanças promovidas no processo de escolha de diretores escolares da RMEDC ficou circunscrito ao campo da acomodação e adaptação diante das contradições vividas na gestão escolar, em um cotidiano marcado pela escassez de recursos humanos e materiais, pelas estratégias gerencialistas do Bloco no Poder para racionalizar o uso do fundo público na educação.

Palavras-Chave: Gestão Escolar; Gestão Democrática; Eleições Escolares; Eleição de Diretor de Escola; Gestão de Unidades Educativas.