A RTPS – Revista Trabalho,
Política e Sociedade torna pública a chamada de submissões para o Dossiê
“Trabalho e Resistência: organização e luta dos trabalhadores em educação em
tempos de avanço da nova direita” organizado pela Profª. Drª. Marcela
Alejandra Pronko, da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio, da Fundação
Oswaldo Cruz. Submissões para este Dossiê podem ser feitas até o dia
31/08/2020, observadas as Diretrizes
aos Autores.
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O Dossiê “Trabalho
e Resistência: organização e luta dos trabalhadores em educação em tempos de
avanço da nova direita” se propõe a oferecer ao leitor um panorama das
experiências de organização e resistência dos trabalhadores da educação e das
reflexões e discussões que elas suscitam em diversos espaços da América Latina
em tempos de avanço da nova direita. Os artigos que o comporão devem articular análises
de processos de organização e de luta no plano político e sindical dos
trabalhadores da educação, ao mesmo tempo em que devem recuperar propostas de
intervenção de coletivos de educadores que operam também sobre a finalidade
pedagógica das instituições educacionais, nos diversos níveis e modalidades de
ensino em que atuam. Assim, entende-se que as resistências se constroem tanto
no campo da organização propriamente política e/ou sindical, bem como na elaboração
de propostas pedagógicas, de organização escolar e/ou do próprio coletivo
docente que confrontam as diretrizes hegemônicas e que apontam para uma
variedade de estratégias e formas de luta.
Ao longo das
últimas décadas, as reformas educacionais surgidas no bojo dos processos de
neoliberalização em curso nos países da América Latina, incidiram
particularmente na reconfiguração do trabalho docente. Se, de um lado, desde os
documentos dos organismos internacionais se chamava a formar “docentes
excelentes” para garantir a qualidade da escola em termos de aprendizagem, de
outro lado, essa “excelência” se traduzia em processos de intensificação do
trabalho, perda de autonomia, precarização das condições contratuais e
responsabilização individual pelos resultados. Assim, na perspectiva
hegemônica, a declarada centralidade do trabalho docente contrasta
profundamente com a ênfase na aprendizagem
que exclui progressivamente seu par ensino
ao ponto de relativizar a importância da instituição escolar.
Embora numerosos
trabalhos tenham se debruçado nesse período sobre essa reconfiguração do
trabalho docente e alguns tenham caracterizado as formas de resistência dos
trabalhadores da educação a partir da atuação das suas organizações sindicais, entendemos
que a temática está longe de ser esgotada. De um lado, o surgimento e a consolidação
da chamada nova direita, que vem
ganhando protagonismo na América Latina e no mundo, acrescentam componentes
próprios da lógica conservadora e ultraconservadora a já consolidada trajetória
de mercantilização e desmonte da educação pública, incidindo no trabalho docente
de maneira dramática. De outro lado, a própria experiência histórica global e
nacional, bem como a eclosão da pandemia de COVID-19, seus impactos específicos
e sua capacidade de expor as condições e contradições que atravessam as formas
de organização da vida social – entre elas, os sistemas educacionais –, provocam
e desafiam permanentemente os trabalhadores da educação frente aos novos/velhos
enfrentamentos.
Nesse contexto, indagar
sobre as formas de resistência e conflito que essa reconfiguração do trabalho
docente em processo suscita implica reconhecer tanto as determinações gerais a
que está submetido como as formas organizativas específicas dos trabalhadores
da educação desenvolvidas a partir das condições concretas que assume a implementação
das reformas educativas em cada contexto determinado e da historicidade das
suas formas de luta. Nesse sentido, se há claramente uma homogeneidade nos
princípios que orientam as políticas públicas dos nossos países, há de se
reconhecer também uma criatividade de formas e manifestações de resistência que
se apresenta de maneira diversa no cenário latino-americano, alimentado por um
rico leque de tradições de luta.
É intenção da proposta
do Dossiê “Trabalho e Resistência: organização e luta dos trabalhadores em
educação em tempos de avanço da nova direita” dar expressão a essa riqueza
e diversidade, seja pela composição de autores, seja pela diversidade de problemáticas
abordadas. Espera-se reunir um conjunto de textos do Brasil e demais países da
América Latina que se debrucem sobre experiências de resistência desenvolvidas
pelos trabalhadores e trabalhadoras da educação de diversos níveis e sistemas de
ensino (educação básica, superior e profissional) frente às reformas
educacionais de caráter neoliberalizante, seja pela participação na construção
sindical autônoma ou pela elaboração e implementação de propostas pedagógicas
de cunho contra-hegemônico.
A proposta deste
Dossiê foi feita ao Comitê Editorial da RTPS em atendimento à
chamada pública de dossiês temáticos e aprovado para publicação no número do
segundo semestre de 2020. Além dos artigos componentes da proposta original, a RTPS abre para chamada
pública de outros artigos pertinentes à temática. Todas as submissões deverão estar
de acordo com as normas estabelecidas pelas Diretrizes
aos Autores, passar por avaliação duplo cega por pares e ser aprovada pela
organizadora do Dossiê.
Saudações a todos e
todas,
Prof. Dr. José dos Santos Souza
Editor da RTPS / Portal
Costa Lima / UFRRJ