terça-feira, 23 de junho de 2020

CHAMADA PÚBLICA PARA SUBMISSÃO DE ARTIGOS PARA O "DOSSIÊ TRABALHO E RESISTÊNCIA: organização e luta dos trabalhadores em educação em tempos de avanço da nova direita"



A RTPS – Revista Trabalho, Política e Sociedade torna pública a chamada de submissões para o Dossiê “Trabalho e Resistência: organização e luta dos trabalhadores em educação em tempos de avanço da nova direita” organizado pela Profª. Drª. Marcela Alejandra Pronko, da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio, da Fundação Oswaldo Cruz. Submissões para este Dossiê podem ser feitas até o dia 31/08/2020, observadas as Diretrizes aos Autores.



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O Dossiê “Trabalho e Resistência: organização e luta dos trabalhadores em educação em tempos de avanço da nova direita” se propõe a oferecer ao leitor um panorama das experiências de organização e resistência dos trabalhadores da educação e das reflexões e discussões que elas suscitam em diversos espaços da América Latina em tempos de avanço da nova direita. Os artigos que o comporão devem articular análises de processos de organização e de luta no plano político e sindical dos trabalhadores da educação, ao mesmo tempo em que devem recuperar propostas de intervenção de coletivos de educadores que operam também sobre a finalidade pedagógica das instituições educacionais, nos diversos níveis e modalidades de ensino em que atuam. Assim, entende-se que as resistências se constroem tanto no campo da organização propriamente política e/ou sindical, bem como na elaboração de propostas pedagógicas, de organização escolar e/ou do próprio coletivo docente que confrontam as diretrizes hegemônicas e que apontam para uma variedade de estratégias e formas de luta.
Ao longo das últimas décadas, as reformas educacionais surgidas no bojo dos processos de neoliberalização em curso nos países da América Latina, incidiram particularmente na reconfiguração do trabalho docente. Se, de um lado, desde os documentos dos organismos internacionais se chamava a formar “docentes excelentes” para garantir a qualidade da escola em termos de aprendizagem, de outro lado, essa “excelência” se traduzia em processos de intensificação do trabalho, perda de autonomia, precarização das condições contratuais e responsabilização individual pelos resultados. Assim, na perspectiva hegemônica, a declarada centralidade do trabalho docente contrasta profundamente com a ênfase na aprendizagem que exclui progressivamente seu par ensino ao ponto de relativizar a importância da instituição escolar.
Embora numerosos trabalhos tenham se debruçado nesse período sobre essa reconfiguração do trabalho docente e alguns tenham caracterizado as formas de resistência dos trabalhadores da educação a partir da atuação das suas organizações sindicais, entendemos que a temática está longe de ser esgotada. De um lado, o surgimento e a consolidação da chamada nova direita, que vem ganhando protagonismo na América Latina e no mundo, acrescentam componentes próprios da lógica conservadora e ultraconservadora a já consolidada trajetória de mercantilização e desmonte da educação pública, incidindo no trabalho docente de maneira dramática. De outro lado, a própria experiência histórica global e nacional, bem como a eclosão da pandemia de COVID-19, seus impactos específicos e sua capacidade de expor as condições e contradições que atravessam as formas de organização da vida social – entre elas, os sistemas educacionais –, provocam e desafiam permanentemente os trabalhadores da educação frente aos novos/velhos enfrentamentos.
Nesse contexto, indagar sobre as formas de resistência e conflito que essa reconfiguração do trabalho docente em processo suscita implica reconhecer tanto as determinações gerais a que está submetido como as formas organizativas específicas dos trabalhadores da educação desenvolvidas a partir das condições concretas que assume a implementação das reformas educativas em cada contexto determinado e da historicidade das suas formas de luta. Nesse sentido, se há claramente uma homogeneidade nos princípios que orientam as políticas públicas dos nossos países, há de se reconhecer também uma criatividade de formas e manifestações de resistência que se apresenta de maneira diversa no cenário latino-americano, alimentado por um rico leque de tradições de luta.
É intenção da proposta do Dossiê “Trabalho e Resistência: organização e luta dos trabalhadores em educação em tempos de avanço da nova direita” dar expressão a essa riqueza e diversidade, seja pela composição de autores, seja pela diversidade de problemáticas abordadas. Espera-se reunir um conjunto de textos do Brasil e demais países da América Latina que se debrucem sobre experiências de resistência desenvolvidas pelos trabalhadores e trabalhadoras da educação de diversos níveis e sistemas de ensino (educação básica, superior e profissional) frente às reformas educacionais de caráter neoliberalizante, seja pela participação na construção sindical autônoma ou pela elaboração e implementação de propostas pedagógicas de cunho contra-hegemônico.
A proposta deste Dossiê foi feita ao Comitê Editorial da RTPS em atendimento à chamada pública de dossiês temáticos e aprovado para publicação no número do segundo semestre de 2020. Além dos artigos componentes da proposta original, a RTPS abre para chamada pública de outros artigos pertinentes à temática. Todas as submissões deverão estar de acordo com as normas estabelecidas pelas Diretrizes aos Autores, passar por avaliação duplo cega por pares e ser aprovada pela organizadora do Dossiê.
Saudações a todos e todas,
Prof. Dr. José dos Santos Souza
Editor da RTPS / Portal Costa Lima / UFRRJ