Gabriel Melgaço |
EXAME DE QUALIFICAÇÃO DE TESE DE DOUTORADO
Título: “Reações ao gerencialismo na gestão do trabalho escolar”
Doutorando: Gabriel Guimarães Melgaço da Silva
Instituição: UFRRJ - Programa de Pós-Graduação em Educação, Contextos Contemporâneos e Demandas Populares (PPGEduc)
Data: dia 10/05/2019
Hora: às 10 horas
Local: UFRRJ/Instituto Multidisciplinar, Módulo Multimídia, Módulo da Biblioteca, Sala 204
Banca Examinadora:
- Prof. Dr. José dos Santos Souza - Orientador (UFRRJ)
- Profª. Drª. Gilcilene de Oliveira Damasceno Barão (UERJ)
- Profª. Drª. Jussara Marques de Macedo (UFRJ)
A partir de 2011 a
Rede Estadual de Ensino do Rio de Janeiro é submetida a uma nova forma de
gestão escolar depois do mau desempenho, no ano anterior, no IDEB, quando ficou
em penúltimo lugar no ranking nacional. Sob a gestão de Wilson Risolia, a
SEEDUC-RJ, em parceria com o setor privado, instaura a Gestão Integrada da
Escola (GIDE), que visava inserir uma gestão empresarial nas escolas estaduais
do estado, sob a promessa de melhor seus desempenhos e atingir os resultados
desejados, entre eles a melhora da rede nas próximas avaliações externas. Dessa
forma o setor público passa a mimetizar o privado, inserindo métodos como o
PDCA, que visa reorganizar o trabalho escolar, a ideia de meritocracia e
bonificação por resultados obtidos, que estimulam o corpo docente a produzir
mais, sem a contrapartida de um aumento salarial e a ideia de accountability, dado que na visão
gerencialista o professor é o responsável pelo mau desempenho da escola e não a
falta de políticas educacionais e recursos. Assim, diante da falta de trabalhos
acadêmicos que analisem as reações que o corpo docente apresenta para tais
modelos de gestão, este trabalho se propõe fazer uma análise das mesmas
partindo do pressuposto de três categorias ontológicas de reação: resistência,
consentimento ativo e consentimento passivo. Por resistência entendemos a
práxis de oposição coletiva a reforma burguesa, visando criar embargos e, até
mesmo, eliminá-la da gestão educacional. Por consentimento ativo entendemos a
concordância do profissional com a nova forma de gerir a educação, fruto de uma
subjetividade pró-empreendedorismo. Por último, entendemos a necessidade de uma
terceira categoria de reação, de modo a fugir da dualidade resistência –
consentimento, e por isso trabalhamos com a ideia de consentimento passivo, que
seria a não concordância com tais modelos de gestão, porém que não se
materializa em oposição efetiva. Na sociedade atual, percebemos que tal
categoria se apresenta fenomenicamente como resiliência. Trata-se de uma
pesquisa básica, qualitativa e de caráter explicativo que se disporá, para a
análise devida, dos seguintes instrumentos: a) revisão de bibliografia, b)
conceituação teórica das categorias de reação tendo forte embasamento nos
trabalhos de Lukács e c) entrevistas com professores da Rede Estadual de Ensino
de modo a obter dados que nos permitam uma análise mais aprofundada de como
tais reações se manifestam no cotidiano escolar.