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Diante dos últimos acontecimentos envolvendo o Grupo de Estudos e Pesquisas Marx, Trabalho e Educação da Universidade Federal de Minas Gerais (GEPMTE-UFMG), nós, estudantes e docentes integrantes do Grupo de Pesquisas sobre Trabalho, Política e Sociedade da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (GTPS-UFRRJ), vimos a público manifestar nossa solidariedade aos colegas diante do ataque sofrido por meio de representação jurídica, para a instalação de inquérito civil, formulada pelo Movimento Escola sem Partido. Este, que hoje representa a face mais conservadora da ofensiva do capital sobre a educação pública no Brasil, acusa o GEPMTE-UFMG por fazer “pregação política ideológica de vertentes socialistas”, e de ser um “balão de ensino para que militantes de esquerda fiquem trabalhando seus delírios ideológicos, bancados com recursos públicos e incutindo tais ideologias nos alunos”.
Tal alegação, de cunho panfletário e
pejorativo, fere de sobremaneira autonomia universitária assegurada pela
Constituição Federal, assim como a liberdade de organização política,
acadêmico-científica, das atividades de ensino, pesquisa, extensão, e
principalmente o direito à expressão, por atingir de modo inconteste os
preceitos democráticos da coexistência, convergente ou não, de concepções
pedagógicas, políticas e ideológicas. Portanto, diante do reconhecimento da
importância do GEPMTE-UFMG no cenário nacional, vide seus sérios e reconhecidos
estudos de caráter científico, a promoção de eventos acadêmicos de suma relevância,
e o seu papel na formação de estudantes de graduação e pós-graduação, prestamos
rotundo apoio ao grupo em questão, e repúdio às ações derivadas do Movimento
Escola sem Partido.
Mesmo com a recusa de instalação de inquérito por parte do Ministério Público, não podemos baixar a guarda nesses tempos de recrudescimento do conservadorismo catanho de extrema direita. Todos aqueles que têm no materialismo
histórico-dialético o ancoradouro teórico-metodológico para análise da
realidade e, respectivamente, suas contradições no contexto de crise orgânica
do capital, devem se unificar na dura resistência a tal ação acusatória, pois essa acusação afronta não só o posicionamento
político-ideológico dos que hoje encontram no marxismo suas referências para a
interpretação da realidade, mas também a pesquisa científica em Ciências Sociais no país. Portanto, manifestamos nossa solidariedade ao grupo
neste delicado momento e, nesta oportunidade, nos solidarizamos com seus
integrantes na articulação de forças políticas para repudiar e impedir qualquer
tentativa de ataque conservador ao trabalho científico de orientação marxista, principalmente no tocante a acusações espúrias
à atividade científica nesse campo teórico e metodológico.