segunda-feira, 19 de maio de 2014

AUTOGESTÃO E COOPERATIVISMO SÃO ANALISADOS EM TESE DE DOUTORADO DE MEMBRO DO GTPS

Susana Webering

DEFESA DE DISSERTAÇÃO


Título: “Autogestão e Cooperação em uma Perspectiva Cooperativista e Sistêmica: o contexto cooperativo espanhol e brasileiro!”

Autor: Susana Iglésias Webering

Instituição: Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (COPPE/ UFRJ); Programa de Pós-Graduação em Economia Social da Universidade de Valência (Espanha)

Data: 23/05/2014
Horário: 9 horas
Local: Ilha do Fundão, Centro de Tecnologia (CT), bloco F, sala F109.

Banca Examinadora:
Michel Thiollent (COPPE/ UFRJ) – Orientador (Brasil)
José Luis Monzón (Universidade de Valência) – Orientador (Espanha)
Alessandra de Sá Mello da Costa (IAG - PUC)
Francisco Duarte (COPPE/ UFRJ)
Marcel Bursztyn (UNB)

RESUMO:
Essa pesquisa parte da crítica aos estudos organizacionais, a busca por alternativas ao modelo dominante de organização e à configuração do trabalho capitalista. O objeto de estudo é o empreendimento autogestionário representado pela cooperativa, abordando o problema da cooperação com o crescimento. O objetivo é desenvolver uma concepção teórica atualizada sobre as possibilidades dos empreendimentos autogestionários de modo a contribuir com bases mais cooperativas para a sociedade. Para isto, se propõe a responder as seguintes questões de pesquisa: quais as possibilidades do empreendimento autogestionário? O que acontece quando se desenvolve? É possível manter a democracia ou os princípios cooperativos? Para responder estes questionamentos a pesquisa empreende uma concepção sistêmica e complexa do fenômeno da cooperação e do seu objeto de estudo, desenvolvendo uma discussão qualitativa, interpretativa e reflexiva de conceitos e teorias que ajudam a compreender a realidade cooperativa, interpretando seu objeto na sua história, no seu devir e na sua prática. Para compreender a sua história recorre a teorias e conceitos já clássicos sobre a cooperação, a autogestão e o cooperativismo. Também a estudos mais recentes: o pensamento sistêmico (as teorias de sistemas, complexidade e autopoiese), teoria das elites, ecologia organizacional e teoria dos jogos. O polo funcional da pesquisa é completado com a revisão de diversas pesquisas relacionadas ao ciclo de vida cooperativo, tensões internas e externas, bem como o fenômeno do isomorfismo. Como a pesquisa se desenvolveu em programas de doutorado de dois países, Brasil e Espanha, o trabalho se divide em duas partes, a primeira relacionada ao extenso trabalho teórico mencionado, a segunda se refere a um esforço de contextualização do cooperativismo nos dois países. Tal estudo não é comparativo, pois os contextos e os rumos da experiência cooperativa em cada país são muito diferentes. Optou-se por uma pesquisa documental, de bases de dados e entrevistas qualitativas. Um elemento que emergiu com força nessa etapa da pesquisa é a questão da definição do setor em que estão inseridas as cooperativas, a importância de uma conceituação clara para o reconhecimento e consolidação desse tipo de organização.
Fica claro como a construção de uma a delimitação para a Economia Social na Espanha foi fundamental para a consolidação desse setor no país e como o campo em disputa que se conformou no Brasil mostra os seus dilemas e limites. A conclusão mais importante a que se chega é como a cooperação é fundamental para a vida em sociedade, o que explica o fato de cooperativas continuarem emergindo mesmo em meio ao ambiente hostil, que paradoxalmente se configurou em bases utilitárias, competitivas e individualistas. Cooperativas podem ser viáveis, com possibilidades de se desenvolver mantendo sua identidade, porque se baseiam em um tipo de cooperação mais sofisticada, onde um projeto coletivo é compartilhado e construído pelos membros, o que possibilita que exerçam sua autonomia desenvolvendo uma autogestão, mesmo em meio a fortes tensões (internas e externas).